sábado, 27 de novembro de 2021

 

Philosophus Tavernisticus #31

Essa semana não li nada diferente nem assisti a algum filme novo. Na verdade, gosto de ver filmes que assistia quando criança. Principalmente pelas lembranças que voltam e pela sensação de conforto e nostalgia.

Engraçado que alguns filmes têm uma atmosfera que me faz lembrar certas coisas que nunca consigo descrever. Mas tenho me esforçado para realizar essa descrição. Um ponto que notei é a música. Parece que tudo que gosto tem trilha sonora composta por John Williams: E.T., Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Tubarão, Star Wars, Indiana Jones, etc. Essa sensação que falei acima, eu acredito que se deva a isso. Mas havia outra relacionada a filmes como Conan, o Bárbaro; Conan, o Destruidor; Guerreiros de Fogo, que me provocavam um sentimento que, também, não consigo descrever. Mas vou tentar.

Revendo esses filmes notei que o cenário me chamava muita atenção. Ruínas imensas, grandes vales, templos, etc. Ah! Senhor dos Anéis também me trouxe essa sensação. Lembro-me de uma cidade em Conan, o Destruidor que ficava sobre uma colina. Rohan também... Eternia também. Jedha também!

Nossa!!

Será que é algo estratégico?

Talvez seja.

Mas de qualquer maneira é muito legal e chama a minha atenção de uma maneira quase mágica.

Game of Thrones também me deu essa sensação.

Nunca entendi de onde veio esse gosto por esses tipos de cenários.

Star Wars tem uma coisa assim também. Desertos, Ruínas.

Acho que criaram uma identidade visual; iconográfica que marcou muito a minha infância e, talvez, rever esses cenários faça-me reviver sentimentos lá daquela época.

Tento criar isso em meu livro: Crônicas Bárbaras.

Não sei se conseguirei. Explicar o gosto da maçã sem que o interlocutor ou leitor tenha experimentado uma maçã é extremamente difícil. Não sei se consigo. Será que a sensação, o gosto é igual para todo mundo? Não sei...

De qualquer maneira é um exercício muito interessante. Tentar descrever a sensação provocada por uma memória que se manifesta quando vejo filmes antigos.

Vou tentar.

Até mais.

 #culturapop #cinema #literatura #música

 

Philosophus Tavernisticus #30

Army of the dead

Hoje vai ser fácil. Assisti a um filme e vou falar sobre.

Ah!

Não vai ser crítica. Nem resenha, nem nada. Só vou falar da experiência. Sem resposta emocional, análise, etc.

Então, rs. Me diverti muito. Achei ótimo. Nem vou ver críticas e vídeos falando sobre o filme porque tenho certeza que vão ficar procurando defeito. E isso tem me cansado.

Sério. Estou cansado desses vídeos de crítica, de resenhas, dessa necessidade de procurar defeito.

Nunca entendi isso.

Será que o analista de cultura pop se sente melhor por não gostar de nada? Por achar defeito em tudo?

Já tive momentos onde me senti inferior por gostar de coisas que a crítica diz serem péssimas. Mas assumi meu mau gosto. Minha incapacidade de avaliar a qualidade de uma obra.

Mas... gente... sério. É um filme de zumbi!

Fil-me-de-zum-bi!

Não tem que ser isso ou aquilo.

Eles são feitos para a gente jogar fora duas horas da nossa vida com efeitos especiais, roteiro tosco, tiro, porrada e bomba.

Claro que com efeitos especiais legais melhora a experiência, rs. Né?

Mas, poxa vida! Assiste lá e se diverte.

Quando você tem vários filmes, faça uma lista dos que você gosta mais. Mas não fique assistindo com um caderninho de anotações para listar problemas. Nossa que coisa chata.

Sendo sincero. Apesar de ser criador de conteúdo e gostar muito desse conteúdo nerd e afins. Eu não concordo com a empáfia de alguns críticos.

Sommelier de filme B!

Para, mano. Que que você ganha em ser chato?

Hein? Me fala! Facilita a azaração?

Seja uma pessoa melhor, rs.

Mas, Ok.

Eu que estou ficando velho e com saudade do tempo que nem tínhamos revistas direito para lermos sobre filmes e tal.

Acho que sinto falta de assistir a um filme ou escutar uma música nova, etc. sem ter mil análises sobre.

Deve ser isso.

Até semana que vem.

Philosophus Tavernisticus #29

Suspensão da Descrença

Paradoxo da Ficção

Hoje estou meio sem assunto.

Acabei de ler um livro sobre “O Hobbit”, aquele mesmo do Tolkien.

E de novo um capítulo falando sobre presciência e livre-arbítrio.

Comecei a achar: É perseguição, rs. Mas não vou falar mais disso não. Prometo. Pelo menos por enquanto.

Geralmente passo o domingo pensando o que irei escrever segunda de manhã. E ontem fiquei pensando sobre “Suspensão da Descrença”. Vocês sabem o que é? Não é? Explico:

Suspensão de descrença, suspensão de descrédito, da incredulidade ou ainda "suspensão voluntária da descrença" refere-se à vontade de um leitor ou espectador de aceitar como verdadeiras as premissas de um trabalho de ficção, mesmo que elas sejam fantásticas, impossíveis ou contraditórias. É a suspensão do julgamento em troca da premissa de entretenimento. O termo é tradicionalmente aplicado na literatura, no teatro, e no cinema, embora também possa ser considerado nos videogames.

A ideia encontra-se na introdução do livro Uma história verdadeira, do poeta satírico Luciano de Samósata; após mencionar vários outros autores que contaram mentiras, ele completa dizendo que também é um mentiroso, e pede humildemente ao leitor a sua credulidade.

A expressão foi registada em 1817, pelo poeta inglês Samuel Taylor Coleridge.

Já esbarrei em várias definições, mas como sei que se alguém sai à procura de alguma definição 99% das vezes vai recorrer ao Google e à Wikipédia, então, nem vou aprofundar.

Ok. Acho que estão devidamente munidos para eu iniciar a conversa de hoje.

Se ao assistir a um filme ou série ou ao ler um livro a gente faz esse jogo de “faz de conta”, por que sentimos medo, choramos, mordemos nossos lábios, arregalamos os olhos, etc?

É ficção, o monstro não existe. O ator ou a atriz estão presos por cabos. Mas a gente se contorce.

Essas respostas físicas são responsáveis por inúmeros livros de sucesso, filmes, etc.

Não sei se é uma questão de empatia, ou identificação...

Identificação tem problemas, pois apesar de Luke Skywalker ser órfão, morar com os tios e tudo mais. Ele é filho de um Jedi. Filho de um grande guerreiro que lutou nas Guerras Clônicas. Eu nunca me identifiquei ou me solidarizei ao Luke. Na verdade eu queria viver uma aventura e ter um sabre de luz.

Em Império Contra Ataca o lance de ele ter telecinese me fez querer ser um Jedi, mas isso é outro assunto.

Voltemos à questão da relação “eu sei que é ficção” versus “Nossa estou com medo”.

Será que ir ao cinema assistir filmes de terror é um exercício de autoajuda?

Como se sair do cinema e sentir alívio em não ter um monstro atrás de você ou não viver em uma distopia nos fizesse olhar para nossas vidas com mais satisfação?

Então...

Esse paradoxo – sentir emoções reais medo, alegria, terror, desejo, nojo, etc. mesmo sabendo que aquilo é irreal – tem nome: Paradoxo da Ficção.

É impressionante, não é? Você sabe que sabe que aquilo é mentira, mas tem reações emotivas reais. A pele arrepia; você sente frio na barriga. Mas é tudo mentira e mesmo assim não controla suas reações. Mesmo que alguém fala para você no decorrer do filme ou livro. Você não contém os transbordos emotivos.

Sabendo disso, bons escritores, cineastas, fofoqueiros, etc. conscientemente criam personagens carregados de características que dão estofos físicos e psicológicos aos leitores. Criam uma gama de situações onde podemos, como leitores ou espectadores, prever a reação psicológica de Bilbos, Kareninas, Gandalfs, Romeus, Julietas, Batmans, etc. Entendemos como são os personagens, cenários, tramas, reviravoltas, perfumes, cores que materializamos fisicamente as reações.

Eu acho...

Talvez quando lá no início de Star Wars ao lermos “Há muito tempo em uma galáxia muito, muito distante...” ativamos a suspensão da descrença e o paradoxo da ficção seja palpável de tão sólido.

Muito louco, não é?

Eu acho...

Fica a dica aos escritores e produtores de histórias: Criem narrativas consistentes onde tudo seja detalhado o suficiente para o leitor/espectador materializar mentalmente as peças do jogo que você vai jogar com ele. Conduza-o a esse labirinto de emoções e deixe que a história crie vida.

Talvez isso explique ninguém gostar de adaptações cinematográficas.

O espectador se sente traído porque não condiz com o que ele sentiu ou viu mentalmente.

Eu acho...

De achismo “acho” que por hoje está bom.

Diga aí o que você pensa dessas coisas.

Até semana que vem.

 

 

Philosophus Tavernisticus #28

O Imaginário da Magia

O subtítulo é o nome do livro que comecei a ler essa semana.

Vou dar um tempo na filosofia. As reflexões da semana passada ainda estão me perturbando. Ainda mais porque notei um paralelo que me incomodou.

Você se lembra de quando Neo é tirado da Matrix e apresentado ao deserto do mundo real?

Ele não tem cabelo, tem vários plugs pelo corpo, estava em estado de torpor naquela gosma rosa.

E, depois de um tempo, ele entra de novo na Matrix. Seu cabelo aparece, suas roupas não são mais aqueles trapos que ele usava na nave Nabucodonosor, não tem mais os plugs, etc.

E notei como isso é real em nossas vidas.

Não foi preciso chegar em 2199. Agora mesmo em 2021 estamos na Matrix. As maquinas venceram a Guerra. Somos apenas dados, bits, bytes; energia correndo em processadores.

Apocalipse zumbi? Apocalipse das Máquinas?

Tanto faz...

O que me fisgou foi a roupa e o cabelo de Neo.

Sério.

No mundo real, ele está desgrenhado, rasgado, careca.

Não tem coisa mais cyberpunk: Alta tecnologia e péssima qualidade de vida.

Então, Neo se conecta à Matrix. Os cabelos crescem, ficam esvoaçantes. Roupas legais.

Isso não é como os filtros de fotos do Instagram?

Ou, sei lá... Todas essas ilusões que as redes sociais criam.

Isso não se parece com Cypher preferindo comer um bife virtual a viver a vida autêntica que lhe fora apresentada?

Morpheus já havia alertado Neo: Pessoas lutariam para fazer que a Matrix não fosse destruída.

Mas nem é essa a questão.

O que me incomodou é essa falta de autenticidade.

É como se a tentativa de “ser diferente”, rompesse tanto com o padrão que a frase dita aos que desejam sair da Matrix é: Você é louco.

“Você não se encaixa” eu já ouvi bastante. Mas, ok Eu busquei isso. Fui músico, fui poeta, escritor, ator, artista. Isso não é para peças da engrenagem social virtual.

Eu nunca tirei foto de prato de comida. Talvez, mas o prato estava vazio. Você acha que eu iria perder tempo? De garrafas de cerveja acho que até tirei, mas estavam sem gelo. Geladas? Eu não arriscaria mudar um grau na temperatura só para tirar uma foto.

Em um show quero usar meus olhos, guardar a memória na mente e não em um vídeo que vai ficar na nuvem.

Quero fechar os olhos e me lembrar das pessoas que amei sem filtro.

Amar sem filtro talvez seja o que mais precisamos. Amar sem ilusão.

Ontem eu dormi cedo, mas acordei assustado, de madrugada. Talvez um pesadelo.

Mas não importa, mesmo pesadelo ou sei lá o que quer que tenha sido, era real. Sem filtro.

Eu tenho pensado muito nisso. Viver sem filtro.

Esfarrapado, careca, mas real.

Parece-me que a humanidade prefere a ilusão.

Está aí a rearmonização fácil que não me deixa mentir.

No futuro teremos Mães e Pais rearmonizados, lindos maravilhosos, esculpidos e... Com filhos horrorosos. 

A não ser que a Engenharia Genética seja usada para criar humanos lindos.

Hum...

Não acredito nisso, duas em três crianças querem ser Tiktokers, acho que involuiremos.

Até semana que vem com minhas impressões sobre o Imaginário da Magia.

Sim... O título foi só para fisgar os incautos.

Até mais.

 

Philosophus Tavernisticus #27

Onisciência versus Livre-Arbítrio.

 

Vou percorrer um terreno pantanoso.

As considerações, mesmo que ponderadas há muitos dias, esbarrarão na superfície do tema, não irão além do verniz do assunto.

De modo mais lógico e óbvio possível, perguntas milenares não serão respondidas em uma coluna semanal. Ainda mais nessa emulação de diálogo regado com bebidas de alto teor alcoólico.

Sendo assim, não busque respostas. Encontrará, aqui, apenas mais perguntas.

A provocação que lhes apresento é: Será a Onisciência compatível com o Livre-Arbítrio?

Se nós acreditarmos que Deus nos abençoou com o Livre-Arbítrio, então é possível que Deus não saiba quais atitudes tomaremos ou quais as escolhas que teremos em nossa caminhada pelo plano material?

De imediato, responderemos que Ele a tudo vê. Deus é onipotente, tudo pode; Deus é onibenevolente, perfeitamente bom; Ele é a Misericórdia, Ele é o Amor; Ele a tudo perdoa; e, acima de tudo, o tempo todo, nós falamos que Ele é Onisciente. E é aí que reside o problema.

Como Deus sabe tudo, nossas escolhas, nosso futuro, nossas atitudes, etc. Então, estamos presos ao destino e não existe Livre-Arbítrio, pois todas as nossas escolhas já estão estabelecidas.

Somos apenas engrenagens na Roda do Tempo.

Cada qual iludido em sua função na tarefa que acredita que escolheu. Ou não?

Calma.

Onde surgiu isso?

Esse texto tem raízes em eventos pessoais e em dois livros que eu li recentemente: Matrix – Bem-vindo ao Deserto do Real e Watchmen e a Filosofia.

E o que uniu isso: Dr. Manhattan, Neo e minhas questões pessoais?

De certa forma apenas uma palavra: Presciência. E a isso se some: predestinação, profecias, previsões, etc.

Quando você se situa no tempo como indivíduo, as noções de morte, futuro, amanhã, depois, porvir, etc; podem lhe fazer pensar que um dos mais incríveis poderes da ficção é a capacidade de prever o futuro. Isso é explorado desde a Bíblia, textos gregos, filmes como De Volta para o Futuro, Star Wars, Star Trek, etc.

E viajar no tempo? Viajar fisicamente no tempo? Que loucura se nós pudéssemos...

Opa! Deixa-me voltar para o que interessa. Só falei de viagem física no tempo para lembrar o conceito de linha temporal.

O que me fez pensar em tudo isso é a Profecia!

Ah! Essa palavra me causa arrepios.

Watchmen!

Lá em Marte.

E se Laurie não sobe as escadas do castelo de Dr. Manhattan? A capacidade de ver o futuro dele é questionada? A profecia que ele fez para o futuro de Laurie – subir as escadas – caso ela não suba, o que acontece? Ele falha? O Dom de presciência não funciona? Ele quase uma entidade divina é passível de erro?

E Neo em Matrix?

Ele derrubaria o vaso, caso a Oráculo, não lhe alertasse? Não pronunciasse a Profecia?

O indivíduo é causa do cumprimento da Profecia? E se ele não escolher os caminhos para que a Profecia se cumpra?

E se ele escolhe omitir as ações que levariam para a realização da Profecia?

Nesse caso, o uso do Livre-Arbítrio se torna a prova de que o Livre-Arbítrio existe. A falha da profecia prova a livre escolha do indivíduo que é afetado por ela.

Mas aqui os exemplos não são bons para o que pretendo.

Quero ir, além disso, além desses exemplos refutáveis.

E se Deus é onisciente e onipresente e onipotente e tudo que podemos utilizar para lhe dar todos os atributos absolutos que lhe são aferidos.

Se Deus é. O Livre-Arbítrio não é.

Pois se há apenas uma linha temporal, e estamos atrelados a ela, não há Livre-Arbítrio. A não ser que Deus esteja fora do tempo e veja e conheça todas as possibilidades temporais, e, assim, conheça todas as linhas que seguirão a partir dos momentos de nossas escolhas.

Engraçado que esse problema já encontrou essa mesma resposta.

A compatibilidade entre Livre-Arbítrio e Onisciência divina só ocorre com Deus existindo fora do tempo.

Ufa.

Sabe onde um exemplo disso é muito bom? No filme: Os Agentes do Destino.

Filme baseado em um conto de Philip K. Dick.

Assista. Recomendo.

Então... Neo encontrará problemas e espero que sejam respondidos em Matrix 4.

Dr. Manhattan teve problemas. Ele tem “ares” de divindade, mas o roteiro dos quadrinhos, nos mostra que ele não tem ampla visão do futuro e isso é até explicado pelo vilão da história. Adrian Veidt teria nublado a visão do Dr. Manhattan com partículas de Táquion.

Em Star Wars, Yoda disse que o futuro está em constante movimento e isso se aproxima ao meu conceito de previsão, presciência e Livre-Arbítrio.

Nossa. Acabei de me lembrar dos precogs de Minority Report, outro filme baseado em conto de Philip K. Dick.

Voltando ao caso de Neo.

No fim do terceiro filme há uma conversa entre o Arquiteto e a Oráculo que nos deixa ainda com mais questões – não vou entrar nessa porta, senão... –.

E nem vou falar da outra conversa que o Arquiteto teve com Neo e lhe disse que ele era apenas mais um “Escolhido”, a sexta versão ou reencarnação.

Dessa vez vou deixar uma resposta, mesmo que ela seja baseada em minha opinião apenas.

Não há compatibilidade entre Onisciência e Livre-Arbítrio, “de certo ponto de vista” (Obrigado, Obi-Wan).

Caso exista Livre-Arbítrio, Deus está fora do tempo. Assim ele conhece todas as possibilidades temporais consequentes de nossas escolhas e sim a Onisciência de Deus é possível.

Em um mundo onde haja apenas uma linha temporal, não há Livre-Arbítrio e a Onisciência de Deus nos prende ao nosso destino. Somos predestinados e nos resta apenas deixar que as profecias se cumpram sem questionamentos.

Bebam à vontade.

 

 

Philosophus Tavernisticus #26

 

Tom Clancy: “A diferença entre ficção e realidade? A ficção tem que fazer sentido.”.

 

 

Nesse caso, Tom Clancy, nos provoca vários aforismos.

Eu, então... Viajo nessas frases doidas de escritores malucos.

Acho, sinceramente, que falam isso só para confundir a gente. Queremos explicações sobre o sentido da vida e o cara, nesse caso Douglas Adams, responde: 42.

Esse deixou para outra rodada de conversas tavernísticas.

Sobre Tom Clancy... Como já falei em alguns vídeos em meu perfil no Instagram, em tudo há padrão. Mesmo que não haja, nossa mente procura... Acredito que deve haver uma “pareidolia” literária. Uma “apofenia” literária.

Isso eu noto quando assisto a um filme com uma montagem diferente ou uma linguagem multimidiática e alguém fica incomodado com a falta de padrão. Lembro-me do filme Amnésia. Ele era do contrário. Uma das coisas mais loucas que assisti. E no DVD havia uma versão “normal” na ordem “certa”. Vai vendo...

Fico pensando que a arte deve utilizar esses dois conceitos para criar as ilusões necessárias para o cérebro aceitar. Sem que necessariamente utilizemos a “suspensão de descrença”. Ou talvez ela fique com uma potência mais baixa, com pouca ação sobre o que estamos assistindo, lendo, ouvindo. Talvez isso explique o que Tom Clancy diz, de ter que fazer sentido, parecer com alguma coisa.

Eu já disse: A cada 15 minutos acontecem histórias de amor como Romeu e Julieta. Procurem no meu canal no Youtube que essa fala está lá.

Conspirações como em Hamlet? O tempo todo.

E na leitura de algum livro o que acontece? Um jogo de xadrez entre o leitor e o autor.

Eu disponho as peças de maneira que permito ao leitor prever as reações do personagem. Conforme a leitura avança e o personagem desvela suas visões de mundo, moralidade, sistemas éticos, etc. O leitor monta o quadro com essas peças e em dado momento do livro consegue avaliar se a atitude do personagem vai para um lado ou para outro. O leitor padroniza as ações prováveis que o rumo da narrativa pode tomar.

Eu acho isso fantástico. Esse jogo e tudo que está relacionado.

Ah, mas inventa uma coisa que não faça sentido para ver a terceira guerra mundial começar entre o autor e o leitor.

Tom Clancy tem razão: a ficção tem que fazer sentido.

Tolkien, como já falei, criou o conceito da Eucatástrofe.

Penso que isso alimenta o escapismo da arte. A vida já não tem sentido. Então a arte precisa fazer sentido. A arte tem que dar um norte. E como isso é comum! Usamos sempre ações e atitudes de personagens fictícios para ilustrar alguma coisa ou usar como padrão moral.

Cansei de ver frases como: O que Superman faria? Como Frodo reagiria ao poder do Um Anel? Porque Neo escolheu a porta que salva Trinity? Hamlet então... E todas as tragédias de amor têm Romeu e Julieta como parâmetro.

Hoje assumo que não estou muito inspirado. Pensei muito sobre o que escrever e acho que gastei os neurônios pensando.

Vocês não sabem, mas meu processo é no papel. Das vezes que crio o texto escrevendo direto, vou para caminhos interessantes. Mas tudo bem. Semana que vem tem mais.

Até lá!

 

 

 

Glossário:

 

Apofenia é um termo proposto em 1959 por Klaus Conrad para o fenômeno cognitivo de percepção de padrões ou conexões em dados aleatórios. É um importante fator na criação de crenças supersticiosas, da crença no paranormal e em ilusão de ótica.

 

A pareidolia é um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado.

 

 

Philosophus Tavernisticus #25

Eu até queria continuar o assunto sobre a ficção ser roxa, mas depois de oito anos de atraso resolvi assistir Breaking Bad.

Quando acabou a quinta temporada rolou uma comoção, todos comentando: Melhor série, Melhor série... Acho que Walking Dead e Game of Thrones ainda não tinham profundidade psicológica o suficiente para a narrativa e os personagens criarem comoções parecidas. Mas deixe isso para lá. Aqui não vai rolar análise comparativa nem nada. Vamos ao que interessa.

Graças à série Breaking Bad, parei todas as minhas leituras, rs.

No meu tempo de ócio criativo fiquei vendo a série.

Devia, na verdade, estudar os livros que me propus e compor os textos que planejei... Mas isso não ocorreu.

Sobre a série devo confessar que me surpreendi muito. Imaginei que seria uma história de polícia e bandido recheada de ação, tiro, porrada e bomba. Bom... Tem isso também, mas o que me surpreendeu (como sempre nas séries que gosto) foram alguns detalhes relacionados às atitudes dos personagens; à jornada de cada um; às suas motivações, angústias.

Claro que dei um Google. E de cara encontrei uma pessoa dizendo que não era tudo isso e que, a série, tinha muitos problemas. A pessoa listou três “furos de roteiro”. Um deles era irrelevante e dois completamente justificáveis. Como sempre falo. Certas coisas são apenas opiniões e não argumentos; devido a isso devemos sempre ampliar nossa visão, para não fazermos julgamentos equivocados.

Acredito que algumas pessoas, no afã de achar furos, problemas, erros no roteiro, se envolvem em uma armadura de arrogância que lhes tira o pouco de credibilidade que a “crítica” pudesse ter.

Um crítico literário disse que o trabalho do crítico deve ser embutido de uma contextualização muito maior que imaginamos. Ele deve entender o mundo dos personagens, do autor, contextos históricos, geográficos, sociais, filosóficos.

Como já disseram sobre Literatura: Já viu o tamanho da matéria? Talvez até falte a alguns “críticos” experiência de vida, sair de casa, conversar com pessoas, entender mais o ser humano que técnicas de escrita, literatura, cinema, etc.

Isso tudo para quê? Vou explicar:

Li na internet que um furo de roteiro era a premissa da série: Um químico brilhante que vira professor de uma escola secundária porque teve um rompimento traumático no passado que o afastou da sua namorada e da sua empresa.

Já vi gente muito mais brilhante destruir a vida por muito menos. Não vou listar aqui os casos reais, nem seus nomes para evitar processos. Mas a frustração – seja ela qual for, amorosa, profissional, etc – ser o cerne da destruição de muita gente é mais comum do que parece. E ser genial não significa que a pessoa tenha uma inteligência emocional média.

Meu caro amigo leitor...

São sete bilhões de pessoas no mundo. Pautar qualquer coisa é um trabalho hercúleo. Então se você acha que isso é um furo de roteiro. Ou você não sabe nada da vida ou viveu pouco e dentro de uma bolha.

Entenderam?

Deu para avaliar como é difícil julgar uma ficção? Imagine o imenso número de fatores que devemos levar em consideração.

Para acabar esse texto e preparar par semana que vem:

– Em Breaking Bad a ficção é ROXA? Apesar de o cristal ser azul?

 

 

P.S.: Engraçado que para questionar a qualidade do roteiro de Breaking Bad a pessoa se ateve às questões da vida real. Ou do que ela considera que seja um fator preponderante na vida real. Hum... Estou achando que a ficção é mais roxa que eu imaginava... Mas deixe isso para a próxima segunda.

 

Philosophus Tavernisticus #24

Com a notícia de que Matrix 4 poderia ser filmado, já surgiram em minha memória as impressões que o primeiro filme me causou à época longínqua de seu lançamento. Um bom ano para o cinema e para a música: 1999. Bom ano também para líderes proféticos apocalípticos nascidos nessa emblemática data criarem sermões envolventes chamando nossa atenção para o fim vindouro. Mas não acabou... O mundo, eu quero dizer.

Então...

Uma coisa que comentavam - naquele momento histórico - era a simulação criada por computadores. Isso gerava muitas ideias na cultura pop. No filme, A Matrix ser uma grande máquina de realidade virtual. Esse conceito nos anos 90 provocou muitos outros filmes e discussões sobre o que é real e o que não era real, ficção versus realidade e até mesmo se a realidade é uma ilusão. E adorava conversar sobre isso. Há livros, artigos, etc. Mas aqui não é academia. Seguiremos tal como a temperatura de nossas cervejas: Gelados quanto às normas da ABNT. Seguiremos com o empirismo que é característico às mesas de botecos. Botecos Virtuais nesse nosso caso.

Nosso tema é objeto de estudo da Filosofia, da Teoria da Arte e da Teoria da comunicação. Como delimitar a fronteira entre ficção e a realidade? Essa é a premissa de Morpheus ao questionar Neo. Ironicamente Morpheus é o Deus dos Sonhos. Ele quer acordar Neo, trazê-lo para a verdade de que o mundo está destruído após um apocalipse das máquinas e a humanidade vive em casulos onde lhe é sugada a energia criada a partir dos sonhos criados pela Matrix.

Isso é muito louco se pensarmos que percebemos a realidade - que está extrínseca ao nosso cérebro - é “sugerida” a partir de um sistema sensorial dividido em cinco receptores: Nariz, Língua, Pele, Olhos e Ouvidos. Ou se preferir: Olfato, Paladar, Tato, Visão e Audição. Nomes diferentes para aparelhos que detectam e analisam Fragrâncias, Sabores, Texturas/Temperaturas, Imagens, Sons imediatamente traduzidos em impulsos elétricos e processados em nossa mente. Isso abre espaço para inúmeros questionamentos. Estéticos relacionados à apreciação artística, se todos veem o vermelho da mesma maneira, dá para discutir o relativismo da percepção em níveis subjetivos, etc.

Podemos desdobrar em muitas direções esse tema, entretanto quero direcionar nossa conversa para a pergunta da semana passada. O que é a realidade? A realidade é uma ilusão?

Vamos pensar nessas palavras Realidade e Ilusão.

Espera... Melhor retomar a pergunta de Morpheus:

 

Morpheus lhe indaga: “O que é real? Como você define o real? Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar; o que você pode saborear e ver, o real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro.”.

 

Real > o real é tido como aquilo que existe, fora da mente; ou dentro dela também: Sabores, sons, cores, etc;

 

Real > Relativo à realeza;

 

Real > Verdade, Fato. Aquilo que podemos constatar.

 

Ilusão > erro de percepção ou de entendimento; engano dos sentidos ou da mente; interpretação errônea:

·      Confusão de aparência com realidade.

·      Confusão de falso com verdadeiro;

 

Ilusão > efeito artístico produzido pelo ilusionismo;

 

Ilusão > manobra astuciosa para enganar, iludir; logro, mentira.

 

Realidade + Ilusão = Ficção?

 

A ficção é Roxa?

 

Ichi... Olha a loucura.

 

Quanto à pergunta da semana passada. Sim. A realidade “pode ser uma ilusão”. Podemos nesse momento viver em 2598 e estarmos conectados há uma imensa máquina de realidade.

Justamente nesse momento estão rodando a simulação de pandemia. Somos apenas simulações para que seres superiores analisem os dados ou gerem energia para suas máquinas tal a ideia do filme. Como a realidade extrínseca ao cérebro é traduzida pelos sistemas sensoriais e traduzida em impulsos elétricos. Sim. A realidade “pode ser” uma ilusão. Talvez seja. Até prefiro que seja. Talvez os deuses - para os quais nós direcionamos nossas orações, lamentando, pedindo, louvando, etc -; sejam quem manipula a máquina. Sinceramente, eu espero. Lembrando que isso é a opinião de filósofos e cientistas. Há uma matéria ótima na revista Superinteressante de Maio de 2003, recomendo a leitura.

Então é isso. Essa é a opinião dos caros estudiosos lá na revista...

Para mim, a realidade é sim uma ilusão. Até mesmo porque não sabemos se nosso ambiente, até que ponto, seja fielmente traduzido pelo cérebro. Vai que seja uma adaptação. Tipo livro virando filme. Peça de teatro deixando de ser texto dramático e virando filme ou livro de fotos ou sei lá... Vai que...

Acho que vou deixar para semana que vem essa questão da ficção ser ROXA!

Vai ser legal.

Claro que vou voltar a esse tema de realidade e ilusão. Não vou encerrar aqui não.

Até semana que vem.

Ficção... Ichi! Vai dar pano pra manga.

Até mais.

 

Philosophus Tavernisticus #23

 

Hoje não haverá divagações quadrinescas mitológicas.

Sempre tem assunto, mas não hoje.

Isso é causado por um livro que estava há meses em minha estante e ontem resolvi lê-lo.

A Literatura em Perigo, Todorov.

O que me causou a abertura desse livro, por uma estranha combinação de fatores, foi uma história em quadrinhos. Na verdade, uma crítica sobre uma história em quadrinhos muito famosa. Inclusive, pretendo no futuro falar sobre ela: Watchmen.

Quando li a apresentação do livro do Todorov, já encontrei uma constatação de um fato que presenciei, detectei, e até falei sobre em uma palestra em 2018, em uma Faculdade de Letras de minha cidade. Tem até um vídeo sobre isso.

O fato é triste de certa forma.

A evidência é uma prova de que realmente a literatura está em perigo. Todorov está certo. Mas o que fazer?

Por providência divina – talvez por eu falar tanto de mitologia comparada ultimamente – há no livro, e também em pesquisas acadêmicas que acompanho; essa preocupação e possíveis atitudes para mudar esse cenário.

Qual cenário?

Alunos de graduação do curso de Letras que não leem. Não importam os motivos.

Podem variar muito. Desde questões financeiras, tempo, objetivos, cultura que herdaram da família ou do grupo social, etc. Muitos fatores e aspectos, em uma mesa de bar não dá tempo para discutir todos.

Então, estabelecido que a experiência leitora de muitos seja precária, e que por diversos fatores ela também seja tolhida, devemos buscar soluções para o problema e não apenas descobrir por que isso ocorre.

Notei também que muitos professores depois de formados, optam por ensinar gramática. Pura e simples. Gramática, Morfologia, Sintaxe. Não vejo problema, acho ótimo. Mas isso algumas vezes afasta mais ainda o aluno da leitura. E falo daquela leitura simples e divertida. Vejo que se preocupam mais em contextualizar o autor, falar de suas influências, ano de publicação, movimento que iniciou ou fez parte. Mas não tocam no assunto principal: Capitu traiu ou não? E os vermes? Permitiram que Cubas terminasse suas memórias e só depois o consumiram?

Cadê a leitura de fruição? Divertida e que vai levar o leitor a desenvolver habilidades que são intrínsecas ao hábito de ler: empatia, imaginação, visão de mundo, filosofia, etc.

Eu leio por ler. Nunca me preocupei com essas questões de período, movimento literário, datas, etc. Isso vinha depois, um nome em uma descrição ou um costume em um diálogo. Isso me levava à pesquisa. Despertava a curiosidade. Que adianta o debruço filosófico sobre a obra e não saborear a obra?

Minha professora de literatura brasileira na pós-graduação chamou minha atenção para esse ponto. Ela disse: Analisamos todo o corpus literário de um autor e nos esquecemos de imergir na história que ele conta, de sentir as dores ou os prazeres que esse ou aquele personagem sente. Onde está a função de apenas analisar? Que isso promove no novo leitor? No menino ou menina de tenra idade que quer abrir um livro e viajar por mundos novos? Se o debate não estabelecer estratégias para que as obras cheguem aos novos leitores, tudo é vazio.

Isso mexeu tanto comigo.

Que adianta?

Sinceramente. Há sim utilidade em ler artigos acadêmicos sobre Machado, Poe, Lobato, Hatoum, e todos os autores maravilhosos que temos. Mas se isso ficar apenas na faculdade, nos círculos acadêmicos, não adianta realmente.

Temos que levar a literatura a todos.

Em tempo...

Não desmereço a Academia. Nem um pouco. A teoria literária é importantíssima.

Mas se ninguém ler, não adianta.

Nossa que calor, me deixa tomar um gole.

Até semana que vem.

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